Agronegócio

Inpe alerta para riscos relacionados ao uso de água na região do Matopiba

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A região do Matopiba, que engloba os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, tem se destacado como uma das maiores fronteiras agrícolas do Brasil. Nos últimos dez anos, a produção de grãos na região cresceu de 18 para 35 milhões de toneladas, consolidando sua importância no agronegócio nacional. No entanto, estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) alertam para riscos significativos relacionados ao uso de água e às mudanças climáticas, que podem comprometer a viabilidade agrícola até 2040.

Predominantemente localizada no Cerrado, que representa 91% de sua área, a região do Matopiba enfrenta uma realidade complexa. A pesquisa, liderada pela cientista Ana Paula Aguiar em colaboração com o Centro de Resiliência de Estocolmo, destaca que a demanda por irrigação pode não ser atendida em até 40%, resultando em um cenário preocupante para a agricultura local. Mais de 90% da água retirada na região é destinada à irrigação, e a sobrecarga no aquífero Urucuia e nos rios superficiais é um fator alarmante.

As previsões do estudo indicam um aumento na demanda de água para irrigação, que deve saltar de 1,53 m³/s, entre 2011 e 2020, para 2,18 m³/s, entre 2031 e 2040. Este crescimento pode gerar uma pressão insustentável sobre os recursos hídricos da região, limitando o crescimento agrícola e trazendo desafios significativos para o desenvolvimento sustentável.

Além da pressão sobre os recursos hídricos, o crescimento agrícola no Matopiba também está associado a impactos ambientais graves. Entre janeiro de 2023 e julho de 2024, a região foi responsável por 80% das emissões de CO₂ relacionadas ao desmatamento no Cerrado, liberando cerca de 135 milhões de toneladas de CO₂ na atmosfera. Essa realidade agrava as condições climáticas locais, com aumento da temperatura e redução nas chuvas, fatores cruciais para a manutenção dos ciclos hídricos.

Diante desses desafios, o estudo propõe uma série de recomendações para mitigar os efeitos da superexploração hídrica e promover um uso mais sustentável dos recursos. Dentre as ações sugeridas estão a atualização das outorgas hídricas, a fiscalização de poços clandestinos, o incentivo ao uso eficiente da água e a proteção das áreas de recarga de aquíferos.

Além disso, o projeto Nexus – Caminhos para a Sustentabilidade, liderado pelo pesquisador Jean Ometto, busca integrar descobertas e estratégias para uma transição sustentável nos biomas Cerrado e Caatinga. O grupo se reunirá na Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD), em dezembro, na Arábia Saudita, para discutir alternativas para combater a desertificação e conservar os recursos naturais.

O futuro do agronegócio no Matopiba depende de uma regulamentação adequada que considere a sustentabilidade e o equilíbrio entre a produção agrícola e a preservação dos recursos hídricos e naturais. Se a expansão agrícola continuar sem medidas rigorosas, a região pode enfrentar crises hídricas e socioambientais que ameaçam não apenas a produção, mas também a saúde do ecossistema local.

Fonte: Pensar Agro

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Agronegócio

Taxa de juros alta desafia crédito rural e ameaça plano safra 2025/26

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O cenário de juros elevados promete impor dificuldades ao crédito rural agora em 2025, exigindo ajustes para a formulação do próximo Plano Safra (2025/26). Com a taxa Selic em trajetória ascendente desde 2024, a equalização dos juros, que subsidia financiamentos para produtores, tornou-se mais onerosa, pressionando o orçamento público.

A taxa Selic, que iniciou 2024 em 10,5% e encerrou o ano em 12,25%, está prevista para subir ainda mais no início de 2025. Este aumento encarece os subsídios que garantem juros reduzidos aos agricultores, forçando o governo a reavaliar suas estratégias. Entre as opções consideradas estão aumentar as taxas de financiamento ou reduzir o volume de recursos equalizados disponíveis.

No Plano Safra 2024/25, o orçamento para a subvenção de juros já havia sido ampliado para R$ 11,8 bilhões. Desse total, R$ 6,8 bilhões foram direcionados ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), enquanto R$ 3,4 bilhões foram alocados para financiamentos de investimento.

Com a lei orçamentária de 2025 ainda em discussão no Congresso Nacional, o governo propôs elevar o orçamento para a equalização dos juros para R$ 14,8 bilhões. Contudo, especialistas alertam que mesmo com esse aumento, o residual disponível para novas contratações será menor, devido à necessidade de cobrir operações contratadas em anos anteriores.

Os primeiros meses da safra 2024/25 registraram crescimento na contratação de crédito equalizado. De julho a novembro de 2024, o número de contratos subiu 48%, e o montante financiado aumentou 32%, atingindo R$ 67,4 bilhões. Apesar do crescimento, o ambiente de juros altos limita a expansão de políticas similares em 2025.

Para mitigar os desafios, iniciativas como a criação de linhas de crédito independentes do Plano Safra, como o programa de conversão de pastagens pelo Ecoinvest, estão sendo avaliadas. No entanto, tais programas enfrentam limitações em termos de captação de recursos a taxas reduzidas.

O setor agrícola também observa com atenção o mercado internacional. A queda dos juros nos Estados Unidos pode beneficiar a exportação de produtos brasileiros, enquanto a política fiscal interna segue em foco como um fator-chave para o controle da inflação e para a sustentabilidade do crédito rural.

Em um cenário de restrição fiscal e juros elevados, o agronegócio brasileiro terá de contar com ajustes orçamentários e a busca por alternativas inovadoras para manter o financiamento acessível. O desafio será garantir que o Plano Safra 2025/26 continue apoiando os produtores rurais, preservando a competitividade do setor no mercado global.

Fonte: Pensar Agro

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