Agronegócio
Como os produtores podem tentar minimizar perdas da estiagem
Agronegócio
A seca, mais uma vez, traz desolação às lavouras gaúchas. Conforme a Emater, na primeira semana de janeiro se contabilizavam 195 mil propriedades relatando perdas expressivas na produção. O calor e a falta de chuvas devem trazer R$ 19,7 bilhões em prejuízo para as lavouras de milho e soja, segundo a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro) – que aponta 59,2% de quebra no milho sequeiro.
A Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) encaminhou pedido de auxílio ao governo federal, solicitando crédito emergencial sem juros, flexibilização de garantias e ampliação automática do vencimento de operações vencidas por 180 dias. Mas até que algum socorro se concretize, como os produtores que não colheram o planejado podem minimizar seu prejuízo? Segundo o engenheiro agrônomo Delmir Jonatto, supervisor de campo da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar-RS, as situações precisam ser analisadas caso a caso, mas é possível colocar um pouco de dinheiro no caixa da propriedade. O milho perdido para a seca, por exemplo, pode ser convertido em silagem.
“Há uma demanda bastante forte por silagem e existem muitas lavouras em que as perdas foram de 80%, 85%. Uma opção é cortar esse milho e vender ou usá-lo na alimentação dos animais da propriedade”, sugere Jonatto.
Outra alternativa para reduzir despesas é a devolução de insumos e defensivos não utilizados.
“Muitos produtores compraram produtos para usar em uma safra normal. A compra antecipada é um bom negócio. Mas 50% desses insumos não chegaram a ser utilizados porque as plantas não estão aptas a recebê-los. Dependendo da situação, vale a pena negociar o excedente. Recomendo que o produtor veja o preço que pagou no produto, porque em 2021 houve uma variação cambial muito grande. Se comprou barato, fique com ele. Mas se não consegue pagar, o melhor é negociar o que sobrou com as cooperativas, revendas, distribuidores”, diz o agrônomo.
Uma terceira sugestão de Jonatto é investir em uma safrinha de milho, feijão ou soja. Nesse caso, porém, o agricultor teria mais uma vez que contar com a boa vontade do clima.
“Não sabemos como o tempo vai se comportar daqui para a frente. Mas se a safra de verão está perdida, uma safrinha poderia ajudar a ressarcir uma parte dos custos, abonar um pouco do prejuízo”.
Planejamento
Mas na avaliação de Jonatto é essencial que os produtores criem a mentalidade de se preparar para secas futuras. Ele garante que um pouco de planejamento e boas práticas podem ajudar a retardar ou reduzir os danos trazidos pela falta de chuvas.
“Além de armazenar água da chuva, construir cisternas, temos de voltar a tratar o solo como um depósito de água. Claro, em uma estiagem como essa, nem solos que tem armazenado água tem aguentado, mas em secas menores, que ocorrem em outros anos, dá uma diferença significativa. As plantas aguentam bem 10 dias sem chuva”, diz o especialista.
Conforme Jonatto, a intensidade de produção deixa os solos compactados, dificultando a absorção da água. O tratamento adequado, com uso de palhada, e a rotação de culturas ajudam a terra a recompor sua característica natural.
“A rotação de plantas leva raízes diferentes para o solo. As mais ‘agressivas’ conseguem penetrar mais fundo na terra e, no momento em que apodrecem, criam pequenos canais para levar água para as camadas mais profundas”, explica.
Nesse sentido, o supervisor de campo sugere que os produtores avaliem a possibilidade de investir em culturas de inverno, como triticale, centeio, aveia e cevada para silagem.
“É uma oportunidade de o produtor ter renda no inverno e de trabalhar para uma boa estruturação do solo”, finaliza.
Reprodução permitida desde que atribuídos os créditos à ASCOM/Padrinho Conteúdo
Agronegócio
Mato Grosso do Sul faz balanço positivo do setor agrícola em 2024
O Mato Grosso do Sul apresentou um balanço dos desafios e avanços do agronegócio em 2024, que ajudaram a fortalecer a posição do Estado como um dos pilares da economia brasileira. Mesmo com adversidades climáticas e mercadológicas que impactaram as principais lavouras, o estado registra conquistas importantes que consolidam sua relevância no cenário nacional e internacional.
Segundo informações da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) e do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCGO) o Valor Bruto da Produção (VBP) estadual foi estimado em R$ 69,32 bilhões ano passado (os números finais ainda não foram fechados), sendo R$ 45,86 bilhões provenientes da agricultura e R$ 24,16 bilhões da pecuária. Apesar de uma retração de 23,2% no VBP total em relação a 2023, a pecuária deve apresentar crescimento de 4,9%, destacando-se como um dos segmentos mais resilientes do setor, segundo as estimativas dos especialistas.
Setor Agrícola: Desafios e Perspectivas A soja, principal produto da agricultura sul-mato-grossense, foi diretamente afetada por condições climáticas adversas e pela desvalorização no mercado internacional, contribuindo para a queda nas exportações, que somaram US$ 2,8 bilhões em 2024. No entanto, o milho consolidou seu papel estratégico com avanços significativos na produção de etanol e na manutenção do consumo interno, equilibrando os impactos negativos.
Pecuária: Crescimento e Sustentação A pecuária de corte manteve sua relevância, beneficiando-se da reabertura de mercados importantes, como a China e a União Europeia, e contribuindo para um aumento de 8% nas exportações de carne bovina. O segmento de suínos também registrou avanços expressivos, com crescimento de 20% na produção estadual, impulsionado por investimentos em defesa sanitária e expansão de cooperativas. A inauguração de uma Unidade de Disseminação de Genes no estado reforça a busca por maior eficiência e qualidade na produção.
Setor Florestal: Expansão e Liderança O estado manteve-se como o maior produtor e exportador de celulose do Brasil, com um aumento de 77,3% na receita do setor em 2024. A possível instalação de uma nova indústria de grande porte reforça o potencial de atrair investimentos e gerar empregos, consolidando Mato Grosso do Sul como referência no mercado global de celulose.
Exportações: Diversificação e Protagonismo As exportações do agronegócio somaram US$ 9,5 bilhões em 2024, abrangendo 147 países. A China manteve-se como principal destino, seguida pelos Estados Unidos e países europeus. A diversificação de mercados, aliada à expectativa de um acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia, promete impulsionar ainda mais as relações comerciais do estado.
Sustentabilidade e Inovação Com ações voltadas à adoção de boas práticas agrícolas e avanços tecnológicos, o setor agropecuário de Mato Grosso do Sul reafirma seu compromisso com a sustentabilidade e a produção responsável. Essa combinação de resiliência, planejamento estratégico e colaboração entre os diversos atores do agronegócio projeta um futuro de crescimento consolidado e oportunidades para o estado.
Fonte: Pensar Agro
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