Agronegócio

Custos de produção do café robusta são apresentados em Rondônia

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Os custos de produção do café robusta amazônico foram apresentados durante o “Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro” da região Norte, realizado na terça (17), no município de Cacoal, em Rondônia. O evento foi promovido pela CNA, em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Rondônia (Faperon), e contou com a presença de mais de 80 cafeicultores da região, técnicos, pesquisadores e especialistas do setor.

Em seu discurso, na abertura do encontro, o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Cacoal e Ministro Andreazza, Alex Guaitolini, afirmou que o Circuito é uma oportunidade de discutir os principais custos da cadeia produtiva e tendências dos mercados nacional e internacional.

“Cacoal é a capital do café do estado de Rondônia, é o coração da produção do robusta amazônico. Portanto, essa iniciativa, mais do que trocar experiência, é uma oportunidade de fortalecer parcerias”, disse.

Ainda na abertura, o assessor técnico da CNA Carlos Eduardo Meireles informou que o Campo Futuro é realizado desde 2007 e até o momento já ocorreram 1.874 painéis, em 410 municípios, para levantar os custos de 66 atividades agropecuárias. Em 2024, aconteceram 5 painéis em Rondônia, com o total de 80 participantes.

Em seguida, o coordenador operacional do Centro de Inteligência em Mercados da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Matheus Mangia, apresentou os principais resultados dos levantamentos de custos na região. De acordo com os dados, a propriedade modal possui 25 hectares, com 3,5 ha de área plantada, sistema irrigado e manual e produtividade de 67 sacas por hectare.

Matheus mostrou que os itens de destaque do Custo Operacional Efetivo (COE) do café robusta foram mão de obra (42%), itens gerais de colheita e pós-colheita – secagem, beneficiamento e transporte – (18%) e fertilizantes (14%).

“Esses componentes se mostram relativamente pequenos quando analisamos o cenário atual de preços do café. Então é importante o produtor ter um diagnóstico da propriedade, aproveitar o momento de melhores preços praticados e definir uma estratégia para se manter na atividade a longo prazo”.

Já o analista do Safras e Mercados, Gil Barabach, destacou as perspectivas e tendências do mercado de café robusta. Segundo ele, fatores como quebra da produção externa e redução da safra brasileira, por causa do clima seco, têm favorecido os preços internacionais do café robusta.

“A perspectiva é de um cenário de preços muito firmes, mas a dúvida é até quando isso vai persistir, pois a chegada do fenômeno La Niña reforça a mudança do padrão climático. Diante dessas previsões, o produtor deve ter atenção à volatilidade de mercado para tomar as melhores decisões para o seu negócio”.

Para o analista, uma das estratégias para o cafeicultor é seguir escalonando a comercialização, sem afobação, já que o momento continua favorável ao vendedor, e utilizar ferramentas de hedge como forma de gestão de oportunidade e proteção de margem de safras futuras. “A expectativa futura é que mantém o preço lá em cima”.

Em sua palestra, a consultora da ATeG + Exportação, Daiane Rodrigues, falou sobre as oportunidades do mercado internacional. Ela disse que para começar a exportar, o produtor precisa planejar a expansão internacional, ter um produto de qualidade, buscar apoio de profissionais e entidades, entender que a internacionalização é um processo e ter persistência e perseverança.

“Entrar nesse universo da exportação é uma oportunidade de diversificar mercados, aumentar o faturamento e a produtividade, melhorar os processos produtivos e produtos e reduzir os custos”, explicou.

A nutrição e o aumento de produtividade em robustas amazônicos também foram temas do encontro. O professor da Universidade Federal de Rondônia Jairo Machado apresentou o atual cenário da cultura na região, abordando os principais manejos e práticas que devem ser trabalhados, principalmente em períodos de estresse hídrico, pela falta de chuva e altas temperaturas.

Durante sua exposição, Jairo pontuou os desafios da produção do café robusta, as diferenças entre adubação e nutrição, os mitos e verdades da cadeia produtiva, a necessidade de produzir com sustentabilidade, dicas de adubação e manejo nutricional.

O pesquisador da Embrapa Rondônia Enrique Anastácio Alves debateu as práticas de pós-colheita e valorização do café. Segundo ele, as novas tecnologias aplicadas no campo mudaram a realidade de produção do café robusta amazônico, principalmente nas fases de colheita e pós-colheita do grão, que envolvem práticas que vão desde a seleção de materiais genéticos de maior qualidade e novos métodos, como a fermentação positiva de cafés.

“Nós mostramos que vale a pena investir na pós-colheita do café, uma vez que altera a realidade no campo ao agregar valor a uma matéria-prima que é muito importante para a agricultura familiar de pequena escala na Amazônia”, concluiu.

Para o produtor João Alves da Luz, de Cacoal (RO), vencedor do “Prêmio CNA Brasil Artesanal 2024 – Cafés Especiais Torrados”, na categoria robusta, o Circuito Campo Futuro foi importante para discutir os custos de produção da atividade e conscientizar os produtores da necessidade de saber o lucro, o prejuízo e outros itens da produção.

Já o produtor e extensionista rural Marcelo Santos Lopes, de Rolim de Moura (RO), e vice-campeão do Prêmio CNA Brasil Artesanal 2024, afirmou que esse tipo de evento é fundamental para debater custos de produção, perspectivas de mercado e cuidados com o pós-colheita voltados para agregação de valor do café.

“Existem várias alternativas para uma pós-colheita bem feita que auxiliam na agregação do café e da marca, e na visibilidade da região amazônica. Precisamos cada vez mais incentivar os produtores a fazer o ciclo produtivo completo, desde a produção, industrialização, até a comercialização e também estimular a criação de novas marcas de cafés especiais”, ressaltou Marcelo.

O evento em Cacoal faz parte do Circuito de Resultados do Projeto Campo Futuro 2024. Até agora, foram realizados encontros em Curitiba (PR), Chapadão do Sul (MS) e Juazeiro (BA), com foco no aumento da eficiência produtiva e na ampliação da rentabilidade das atividades. O próximo circuito será em Uberlândia (MG), na quarta (18).

 FAPERON

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Agronegócio

“Soja Legal” da Aprosoja-MT recebe certificação de boas práticas agrícolas

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O agronegócio brasileiro tem alcançado avanços significativos na adoção de boas práticas agrícolas por meio de iniciativas reconhecidas e certificadas. Um dos programas de destaque é o Soja Legal, desenvolvido pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Mato Grosso (Aprosoja-MT).

A iniciativa tem como objetivo capacitar proprietários rurais para implementar práticas que assegurem a conformidade em áreas como qualidade de vida no campo, gestão consciente da água, gerenciamento de resíduos, práticas agrícolas sustentáveis, adequação ao Código Florestal, viabilidade econômica da produção e qualidade do produto.

Ao longo de 2024, o Ministério da Agricultura reconheceu cinco programas de certificação de boas práticas agrícolas, alinhados à nova regra para concessão de descontos em financiamentos rurais voltados a médios e grandes produtores. Esse reconhecimento se soma a outras seis iniciativas aprovadas em 2022 e 2023, fortalecendo a adesão a práticas sustentáveis no setor.

Atualmente, o Soja Legal conta com a participação de 1.250 produtores rurais, dos quais 700 já possuem o selo de conformidade. Além disso, outros 85 agricultores estão em processo de cadastro e, assim que o sistema estiver em pleno funcionamento, estarão aptos a obter descontos em financiamentos. Os demais participantes serão integrados progressivamente.

A expectativa é de que os contratos de financiamento com descontos ganhem maior adesão nos próximos meses, especialmente a partir de abril ou maio, quando os produtores iniciam novos ciclos de crédito. Esse tipo de incentivo busca reconhecer as práticas ambientais e sociais adicionais adotadas pelos produtores, promovendo um modelo de produção mais responsável e alinhado à legislação ambiental.

Além do Soja Legal, outros programas também têm recebido destaque no cenário nacional. Entre eles estão os currículos de Sustentabilidade do Cacau e do Café, desenvolvidos pela P&A Ltda, o Certifica Minas Café, promovido pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, o Selo Mip Experience, coordenado pela PROMIP Manejo Integrado de Pragas Ltda, e o Boas Práticas Agrícolas IBS, do Instituto BioSistêmico (IBS). Esses programas foram incorporados ao conjunto de iniciativas reconhecidas em anos anteriores, demonstrando o compromisso do setor com a sustentabilidade.

Os programas avaliados no segundo semestre de 2024 agregaram mais 900 produtores rurais à lista de potenciais beneficiários de descontos em financiamentos. Entre os destaques estão o Programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e o Programa Algodão Brasileiro Responsável para Unidades de Beneficiamento (ABR-UBA), ambos conduzidos pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Outros exemplos incluem o Certifica Minas, também da Secretaria de Agricultura de Minas Gerais, o Programa Selo Ambiental do Arroz Rastreado RS, desenvolvido pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), e o Protocolo de Sustentabilidade Cooxupé Gerações, promovido pela Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé Ltda.

Essas iniciativas não apenas fortalecem a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado internacional, mas também asseguram que os produtores estejam cada vez mais alinhados às boas práticas de produção, contribuindo para a sustentabilidade ambiental, econômica e social no campo.

Fonte: Pensar Agro

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