Agronegócio
CITROS/CEPEA: Precipitações elevam qualidade e sustentam valores dos cítricos
Agronegócio
Cepea, 4/2/2022 – Os preços da laranja de mesa podem subir no mercado in natura ao longo de fevereiro. Segundo colaboradores do Cepea, as recentes e frequentes chuvas no cinturão citrícola paulista estão beneficiando a qualidade (principalmente o calibre) das frutas, fator que as torna mais bem aceitas no segmento in natura e que, consequentemente, permite que produtores elevem os valores de venda. Além disso, as precipitações mais frequentes também dificultam o andamento da colheita em alguns períodos, o que restringe temporariamente a oferta. Neste cenário, os preços da fruta estão se sustentando. Na parcial desta semana (de segunda a quinta-feira), a laranja pera registrou média de R$ 38,07/cx de 40,8 kg, na árvore, valorização de 2,1% em comparação com a semana passada. No caso da lima ácida tahiti, a produção também está sendo favorecida pelas chuvas (que contribuem para o enchimento dos frutos). Contudo, produtores relatam dificuldades na manutenção do ritmo de colheita, o que tem sustentado os preços, mesmo neste período de pico de safra. De segunda a quinta-feira, a tahiti teve média de R$ 24,18/cx de 27 kg, colhida, alta de 16% em relação à semana passada. Apesar das recentes valorizações, tanto da laranja quanto da lima ácida tahiti, colaboradores do Cepea indicam que o cenário econômico nacional ainda é um fator limitante para aumentos mais intensos nos preços. Com o desemprego elevado, a inflação em alta e a queda da renda da população (sobretudo das classes mais baixas), o poder de compra de muitos consumidores está enfraquecido. Fonte: Cepea (www.cepea.esalq.usp.br)
Agronegócio
Ponte desaba e expõe gargalos logísticos para o escoamento da safra
O desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, no último domingo (22.12), trouxe à tona os problemas crônicos da infraestrutura logística brasileira. A estrutura, que conectava os municípios de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), desmoronou sobre o rio Tocantins, provocando uma tragédia com uma morte confirmada e pelo menos 14 pessoas desaparecidas. Caminhões que transportavam ácido sulfúrico e herbicidas também caíram no rio, levando as prefeituras a emitirem alertas sobre contaminação da água.
O acidente ocorre em um momento crítico para o agronegócio nacional. O Brasil deve alcançar uma safra recorde de 322,53 milhões de toneladas de grãos em 2024/25, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Este aumento de 8,2% em relação à safra anterior reflete o crescimento da produção de soja e milho, mas evidencia os desafios logísticos de um setor cada vez mais pressionado por gargalos estruturais.
A ponte Juscelino Kubitschek estava localizada na região do Matopiba, uma das áreas de maior crescimento do agronegócio no Brasil, englobando os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Nos últimos dez anos, a produção de grãos na região aumentou 92%, saltando de 18 milhões de toneladas em 2013/14 para 35 milhões em 2024.
Essa expansão, no entanto, tem sobrecarregado a infraestrutura local. O intenso tráfego de cargas pesadas, principalmente de fertilizantes e grãos, contribuiu para o desgaste da ponte, que já apresentava rachaduras e denúncias de negligência na manutenção.
Além de afetar a segurança da população, o desabamento representa um entrave significativo ao escoamento da safra. Os portos do Arco Norte, responsáveis por 35,1% das exportações de grãos em outubro de 2024, são fundamentais para o agronegócio brasileiro. A interdição da ponte pode impactar negativamente a logística de transporte para esses portos, aumentando custos e atrasos.
O transporte de fertilizantes também está em alta, com as importações alcançando 4,9 milhões de toneladas em outubro, um crescimento de 5,9% em relação ao mês anterior. Essa demanda reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura para evitar colapsos como o ocorrido no rio Tocantins.
Entidades do agronegócio, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), destacam que episódios como este evidenciam a urgência de investimentos em infraestrutura. “O crescimento do agronegócio brasileiro depende diretamente de uma logística eficiente. A tragédia no rio Tocantins é um alerta para a necessidade de modernização das rotas de transporte e manutenção das estruturas existentes”, afirma a CNA em nota.
O Ministério dos Transportes já anunciou a abertura de uma sindicância para investigar o desabamento e prometeu reconstruir a ponte em 2025. Enquanto isso, o setor agropecuário pede soluções imediatas, como rotas alternativas e a implementação de medidas para mitigar os impactos sobre a logística da safra.
Embora críticas à expansão do agronegócio tenham ganhado destaque após o acidente, é crucial equilibrar o debate. O setor é um pilar da economia nacional, responsável por 25% do PIB e por grande parte das exportações brasileiras. Investir em infraestrutura adequada e eficiente não é apenas uma questão de atender às demandas do agronegócio, mas de assegurar que o crescimento econômico venha acompanhado de segurança, sustentabilidade e benefícios para toda a sociedade.
O desafio agora é transformar essa tragédia em um ponto de virada, priorizando investimentos estratégicos que garantam a competitividade do agronegócio no mercado global, sem negligenciar a segurança das comunidades locais e a preservação ambiental.
Fonte: Pensar Agro
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