Agronegócio
Marco do hidrogênio impulsiona sustentabilidade e inovações no agronegócio, diz presidente do IA
Agronegócio
Em agosto, foi sancionado o Projeto de Lei nº 2.308/2023, conhecido como o Marco Legal do Hidrogênio, que estabelece diretrizes para o desenvolvimento do hidrogênio de baixo carbono no Brasil. Essa regulamentação define os tipos de hidrogênio, os órgãos responsáveis pela sua regulação e cria políticas públicas e programas para impulsionar o setor. Nesta semana, a Câmara dos Deputados aprovou um pacote de incentivos de R$18 bilhões voltado para essa tecnologia emergente.
Para Isan Rezende, presidente do Instituto do Agronegócio (IA), o marco regulatório representa um passo significativo para a consolidação do setor de hidrogênio no país por impulsionar a sustentabilidade e trazer inovações no agronegócio.”O Marco Legal do Hidrogênio está diretamente ligado ao agronegócio principalmente por três aspectos: diversificação de fontes energéticas, potencial de desenvolvimento sustentável, e novas oportunidades econômicas para o setor”, destacou.
Na opinião de Rezende, o Marco do Hidrogênio pode abrir portas para o agronegócio brasileiro participar ativamente da economia de baixo carbono, ao mesmo tempo em que promove a sustentabilidade e inovação no campo, promovendo:
- Diversificação Energética: O agronegócio pode se beneficiar da transição para fontes de energia mais limpas e sustentáveis, como o hidrogênio verde, que pode ser produzido a partir de fontes renováveis abundantes no Brasil, como biomassa, energia solar e eólica. A adoção dessas tecnologias pode reduzir a dependência de combustíveis fósseis nas operações agrícolas e agroindustriais, diminuindo custos e impactos ambientais.
- Sustentabilidade: A produção de hidrogênio de baixo carbono pode estar alinhada com práticas agrícolas sustentáveis, que visam reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O hidrogênio pode ser usado como combustível em maquinários agrícolas e no transporte de produtos, contribuindo para a descarbonização do setor. Além disso, o hidrogênio de baixo carbono pode ser integrado com tecnologias de Captura e Armazenamento de Carbono (CCS), que são relevantes para o setor agrícola, particularmente em projetos de reflorestamento e manejo sustentável de terras.
- Oportunidades Econômicas: O agronegócio pode se beneficiar economicamente ao participar da cadeia de valor do hidrogênio, seja por meio do fornecimento de biomassa para a produção de hidrogênio ou pela adoção de práticas agrícolas que capturam carbono, permitindo a geração de créditos de carbono. Esses créditos podem ser uma fonte adicional de receita para produtores rurais e cooperativas.
Outro ponto destacado pelo presidente do IA é a segurança jurídica. “A nova regulamentação oferece a segurança jurídica necessária para atrair investimentos e desenvolver uma infraestrutura robusta. A regulamentação em vigor, diversos projetos que estavam em espera poderão avançar, beneficiando não apenas os produtores de hidrogênio, mas também toda a cadeia de fornecimento, desde a energia elétrica até os equipamentos necessários e as operações portuárias, considerando que grande parte da produção será voltada para exportação”, completou Isan Rezende.
Fonte: Pensar Agro
Agronegócio
Ponte desaba e expõe gargalos logísticos para o escoamento da safra
O desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, no último domingo (22.12), trouxe à tona os problemas crônicos da infraestrutura logística brasileira. A estrutura, que conectava os municípios de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), desmoronou sobre o rio Tocantins, provocando uma tragédia com uma morte confirmada e pelo menos 14 pessoas desaparecidas. Caminhões que transportavam ácido sulfúrico e herbicidas também caíram no rio, levando as prefeituras a emitirem alertas sobre contaminação da água.
O acidente ocorre em um momento crítico para o agronegócio nacional. O Brasil deve alcançar uma safra recorde de 322,53 milhões de toneladas de grãos em 2024/25, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Este aumento de 8,2% em relação à safra anterior reflete o crescimento da produção de soja e milho, mas evidencia os desafios logísticos de um setor cada vez mais pressionado por gargalos estruturais.
A ponte Juscelino Kubitschek estava localizada na região do Matopiba, uma das áreas de maior crescimento do agronegócio no Brasil, englobando os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Nos últimos dez anos, a produção de grãos na região aumentou 92%, saltando de 18 milhões de toneladas em 2013/14 para 35 milhões em 2024.
Essa expansão, no entanto, tem sobrecarregado a infraestrutura local. O intenso tráfego de cargas pesadas, principalmente de fertilizantes e grãos, contribuiu para o desgaste da ponte, que já apresentava rachaduras e denúncias de negligência na manutenção.
Além de afetar a segurança da população, o desabamento representa um entrave significativo ao escoamento da safra. Os portos do Arco Norte, responsáveis por 35,1% das exportações de grãos em outubro de 2024, são fundamentais para o agronegócio brasileiro. A interdição da ponte pode impactar negativamente a logística de transporte para esses portos, aumentando custos e atrasos.
O transporte de fertilizantes também está em alta, com as importações alcançando 4,9 milhões de toneladas em outubro, um crescimento de 5,9% em relação ao mês anterior. Essa demanda reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura para evitar colapsos como o ocorrido no rio Tocantins.
Entidades do agronegócio, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), destacam que episódios como este evidenciam a urgência de investimentos em infraestrutura. “O crescimento do agronegócio brasileiro depende diretamente de uma logística eficiente. A tragédia no rio Tocantins é um alerta para a necessidade de modernização das rotas de transporte e manutenção das estruturas existentes”, afirma a CNA em nota.
O Ministério dos Transportes já anunciou a abertura de uma sindicância para investigar o desabamento e prometeu reconstruir a ponte em 2025. Enquanto isso, o setor agropecuário pede soluções imediatas, como rotas alternativas e a implementação de medidas para mitigar os impactos sobre a logística da safra.
Embora críticas à expansão do agronegócio tenham ganhado destaque após o acidente, é crucial equilibrar o debate. O setor é um pilar da economia nacional, responsável por 25% do PIB e por grande parte das exportações brasileiras. Investir em infraestrutura adequada e eficiente não é apenas uma questão de atender às demandas do agronegócio, mas de assegurar que o crescimento econômico venha acompanhado de segurança, sustentabilidade e benefícios para toda a sociedade.
O desafio agora é transformar essa tragédia em um ponto de virada, priorizando investimentos estratégicos que garantam a competitividade do agronegócio no mercado global, sem negligenciar a segurança das comunidades locais e a preservação ambiental.
Fonte: Pensar Agro
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