Agronegócio
Alta nos preços da carne de frango em setembro reflete demanda e abates recordes
Agronegócio
Os preços da carne de frango começaram setembro em alta em diversas regiões do Brasil, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP. Esse aumento é atribuído ao maior poder de compra da população no início do mês, com o recebimento dos salários, o que tradicionalmente impulsiona a demanda. Além disso, muitos atacadistas relataram a necessidade de reabastecer seus estoques, contribuindo para a valorização do produto.
No segundo trimestre de 2024, os abates de frango atingiram um recorde histórico, com 1,6 bilhão de cabeças abatidas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse número representa um aumento de 1% em relação ao primeiro trimestre de 2024 e 3,2% a mais que no mesmo período do ano anterior. Pesquisadores do Cepea indicam que esse crescimento na produção reflete a estratégia do setor em atender à crescente demanda externa pela proteína brasileira, que continua aquecida.
A demanda externa pela carne de frango brasileira tem sido um dos principais motores para o aumento da produção. O Brasil, sendo um dos maiores exportadores de carne de frango do mundo, tem visto uma crescente procura por sua proteína, especialmente em mercados como a China e o Oriente Médio. Essa demanda robusta tem incentivado os produtores a aumentar a produção para garantir o abastecimento contínuo e atender às exigências internacionais.
O início de setembro marca um período de maior poder de compra para a população brasileira, devido ao recebimento dos salários. Esse fator sazonal contribui para um aumento na demanda por carne de frango, já que os consumidores têm mais recursos disponíveis para gastar em alimentos. Esse aumento na demanda interna, combinado com a necessidade dos atacadistas de reabastecer seus estoques, tem levado a uma valorização dos preços da carne de frango.
Para os produtores, o cenário atual representa uma oportunidade de maximizar os lucros, aproveitando os preços elevados e a demanda aquecida. No entanto, também traz desafios, como a necessidade de manter a produção em níveis elevados sem comprometer a qualidade e a sustentabilidade. O setor tem investido em tecnologias e práticas de manejo que garantam a eficiência produtiva e a sustentabilidade ambiental.
As perspectivas para o mercado de carne de frango no Brasil continuam positivas, com expectativas de que a demanda externa permaneça forte e a recuperação econômica interna continue a impulsionar o consumo. O setor deve continuar a investir em inovação e sustentabilidade para manter sua competitividade no mercado global e atender às exigências dos consumidores por produtos de alta qualidade e produzidos de forma responsável.
Fonte: Pensar Agro
Agronegócio
Ponte desaba e expõe gargalos logísticos para o escoamento da safra
O desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, no último domingo (22.12), trouxe à tona os problemas crônicos da infraestrutura logística brasileira. A estrutura, que conectava os municípios de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), desmoronou sobre o rio Tocantins, provocando uma tragédia com uma morte confirmada e pelo menos 14 pessoas desaparecidas. Caminhões que transportavam ácido sulfúrico e herbicidas também caíram no rio, levando as prefeituras a emitirem alertas sobre contaminação da água.
O acidente ocorre em um momento crítico para o agronegócio nacional. O Brasil deve alcançar uma safra recorde de 322,53 milhões de toneladas de grãos em 2024/25, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Este aumento de 8,2% em relação à safra anterior reflete o crescimento da produção de soja e milho, mas evidencia os desafios logísticos de um setor cada vez mais pressionado por gargalos estruturais.
A ponte Juscelino Kubitschek estava localizada na região do Matopiba, uma das áreas de maior crescimento do agronegócio no Brasil, englobando os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Nos últimos dez anos, a produção de grãos na região aumentou 92%, saltando de 18 milhões de toneladas em 2013/14 para 35 milhões em 2024.
Essa expansão, no entanto, tem sobrecarregado a infraestrutura local. O intenso tráfego de cargas pesadas, principalmente de fertilizantes e grãos, contribuiu para o desgaste da ponte, que já apresentava rachaduras e denúncias de negligência na manutenção.
Além de afetar a segurança da população, o desabamento representa um entrave significativo ao escoamento da safra. Os portos do Arco Norte, responsáveis por 35,1% das exportações de grãos em outubro de 2024, são fundamentais para o agronegócio brasileiro. A interdição da ponte pode impactar negativamente a logística de transporte para esses portos, aumentando custos e atrasos.
O transporte de fertilizantes também está em alta, com as importações alcançando 4,9 milhões de toneladas em outubro, um crescimento de 5,9% em relação ao mês anterior. Essa demanda reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura para evitar colapsos como o ocorrido no rio Tocantins.
Entidades do agronegócio, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), destacam que episódios como este evidenciam a urgência de investimentos em infraestrutura. “O crescimento do agronegócio brasileiro depende diretamente de uma logística eficiente. A tragédia no rio Tocantins é um alerta para a necessidade de modernização das rotas de transporte e manutenção das estruturas existentes”, afirma a CNA em nota.
O Ministério dos Transportes já anunciou a abertura de uma sindicância para investigar o desabamento e prometeu reconstruir a ponte em 2025. Enquanto isso, o setor agropecuário pede soluções imediatas, como rotas alternativas e a implementação de medidas para mitigar os impactos sobre a logística da safra.
Embora críticas à expansão do agronegócio tenham ganhado destaque após o acidente, é crucial equilibrar o debate. O setor é um pilar da economia nacional, responsável por 25% do PIB e por grande parte das exportações brasileiras. Investir em infraestrutura adequada e eficiente não é apenas uma questão de atender às demandas do agronegócio, mas de assegurar que o crescimento econômico venha acompanhado de segurança, sustentabilidade e benefícios para toda a sociedade.
O desafio agora é transformar essa tragédia em um ponto de virada, priorizando investimentos estratégicos que garantam a competitividade do agronegócio no mercado global, sem negligenciar a segurança das comunidades locais e a preservação ambiental.
Fonte: Pensar Agro
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