Brasil
Representação das mulheres nos principais cargos do Judiciário tem ganho destaque
Brasil
A data que comemora o Dia Internacional da Mulher surgiu nos Estados Unidos no começo do século XX e se difundiu na Europa com os ideais de luta por melhores condições de vida, trabalho e garantias de liberdade feminina. No Brasil, o direito ao voto foi uma das principais conquistas alcançadas pelas mulheres e marcou o início da construção de uma sociedade justa e igualitária sem distinção de sexo.
Em um universo ainda predominado pelos homens, o Poder Judiciário a cada ano tem dado mais voz e participação efetiva às mulheres. O fato de muitas serem mães, esposas, filhas e ainda distribuir o tempo entre a família e a jurisdição – que exige jornadas pesadas de trabalho tendo em vista o acumulo de ações que tramitam na Justiça – se torna desafiante para a mulher magistrada.
A diretoria da Associação dos Magistrados do Estado de Rondônia (Ameron) empossada em janeiro trouxe novidades no campo feminino, é que segundo cargo mais importante da diretoria executiva voltou a ser ocupado por uma magistrada. “Ser mulher é maravilhoso, mas ao mesmo tempo desafiador. Esses dias recebi uma poesia de Carlos Drummond de Andrade que fala das inúmeras atividades que as mulheres desempenham e para quem ainda acrescenta a essas funções a carreira da magistratura significa tornar a vida mais complexa. Os desafios nos impulsionam para o crescimento. É uma satisfação assegurar a presença feminina nos debates associativos e contribuir para melhorar as condições da nossa magistratura”, avalia a vice-presidente da Ameron, Inês Moreira da Costa.
Acompanhando esse processo de expansão da representatividade da mulher no Judiciário, em Rondônia as magistradas têm ocupado cadeiras de destaques. Além da vice-presidência da Ameron, as diretorias de Comunicação Social e meio ambiente, sustentabilidade e responsabilidade social são ocupadas por mulheres. A Ameron inclusive criou uma diretoria voltada apenas para assegurar proteção e garantir os direitos das magistradas chamada de diretoria de apoio às mulheres magistradas, ocupada também por uma juíza.
“O Judiciário sempre foi muito masculino e vejo com muita satisfação o crescimento das mulheres nesse setor, antes tão exclusivo dos homens. É um avanço porque as mulheres vem galgando lentamente e cada vez mais com amplitude seu espaço por merecimento. Para nós mulheres é um pouco difícil chegar nesses mesmos espaços aonde os homens estão instalados confortavelmente há tanto tempo”, analisa a diretora de apoio às mulheres magistradas, Silvana Maria de Freitas.
As mulheres também estão representadas na composição do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia com a desembargadora Marialva Henriques Daldegan Bueno. Há muitas opiniões a respeito do papel da mulher na sociedade e da mulher magistrada vista por elas mesmas, como por exemplo o da diretora de comunicação social da Ameron, Euma Tourinho, que tem uma visão da qual fortalece o papel desempenhado pela mulher na sociedade. Para a magistrada o Poder Judiciário precisa de representação de todos os gêneros e com a maior riqueza de características possíveis. “Discordo dessa insistência de que precisamos de mais magistrados negros ou mulheres, dessa ou daquela ‘classificação’. O que precisaremos sempre e os concursos, no processo seletivo, se encarregam disso é de juízes técnicos, bem preparados e honrados. As demais características tais como: ser extrovertidos e reservados, prudentes e comunicativos, comprometidos e disciplinados, acompanham a diversidade existente em qualquer grupo ou profissão. A mulher, assim como o homem, possui características diversas que contribuem para o todo. O homem costuma ser quase que exclusivamente racional e a mulher, a par da racionalidade, possui uma sensibilidade singular. Por isso, não desejamos que reconheçam nossa dupla ou tripla jornada, isso já é um fato notório. Queremos ser olhadas e respeitadas igual aos homens, porque o nosso acesso, por ocasião do ingresso na carreira, foi idêntico, mas a nossa dedicação é sempre muito destacada e os números estão ai pra demonstrar a produtividade das mulheres magistradas mas, via de regra, esse reconhecimento é apenas verbal. Queremos, portanto, reconhecimento funcional e merecemos isso”, ressalta a magistrada.
No Brasil, a primeira mulher a ser aprovado em concurso para magistratura estadual foi Thereza Crisólia Tang, em 1954, em Santa Catarina. A partir da década de 80, a participação perante o judiciário brasileiro se fortaleceu.
Atualmente, conforme a mestre e doutora em Direito, Estado e Constituição pela Universidade Federal de Brasília (UnB) Christiane Silva, as magistradas representam menos de 40% do primeiro grau e menos e 20% dos tribunais superiores, mas a tendência é que essa estatística seja alterada, em virtude da quantidade de mulheres que se dispõe a prestar concurso para o cargo. Em Rondônia, por exemplo, um terço da magistratura é feminino.
Para a diretora de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Responsabilidade Social da Ameron, Duilia Sgrott Reis, o maior problema da carreira é, “conciliar com a nobre missão as outras atribuições como ser mãe, esposa, dona de casa, estudante e às vezes: professora. Para isso a solução é o diálogo com a família e a utilização dos meios de comunicação e tecnologia, como auxiliares no desempenho das funções, mas isso não é fácil. É um jogo de equilíbrio constante. Apesar de termos herdado uma cultura machista, sinto que ela vem sendo mitigada em face da globalização e dos meios de comunicação. Aquilo que antes era comum, por exemplo achar que uma mulher não teria condições físicas para cuidar de uma vara do tribunal do júri ou de entorpecentes, ou de execução penal, por serem mais desgastantes, não ocorre mais.
Nas outras instituições que compõem a Justiça, a toga feminina também tem voz ativa. No Supremo Tribunal Federal há 11 cadeiras, na qual duas são ocupadas pelas ministras Carmen Lúcia que preside a mais alta Corte do Judiciário brasileiro e Rosa Weber. O Superior Tribunal de Justiça também tem uma presidente é a ministra Laurita Hilário Vaz, a instituição composta por 33 cadeiras ainda conta com as ministras Assusete Dumont Reis Magalhães, Fátima Nancy Andrighi, Maria Isabel Diniz Gallotti Rodrigues, Maria Thereza Rocha de Assis Moura e Regina Helena Costa.
Nas associações estaduais de magistrados, 22 mulheres detem cargos com status de vice-presidência. Em três estados, as associações são comandadas pelas mulheres, na Associação dos Magistrados do Tocantins (Asmeto) quem preside é a juíza Julianne Freire Marques, enquanto que na Associação dos Magistrados da Paraíba (AMPB), a juíza Maria Aparecida Sarmento Gadelha ocupa a presidência da entidade e no Rio de Janeiro (Amaerj), a juíza Renata Gil de Alcântara Videira é a presidente da associação. Além da Ameron, as associações do Mato Grosso (Amam), Paraíba (AMPB), Rio Grande do Norte (AMARN) e Paraná (AMAPAR) tem mais da metade da diretoria executiva composta por magistradas.
Confira a seguir as posições de destaques ocupadas pelas mulheres:
Rondônia
Instituição |
Cargo |
Juíza |
Ameron |
1º Vice-Presidente |
Inês Maria da Costa |
Ameron |
Diretoria de Comunicação Social |
Euma Mendonça Tourinho |
Ameron |
Diretoria de Apoio às Mulheres Magistradas |
Silvana Maria de Freitas |
Ameron |
Diretoria de Meio Ambiente, Sustentabilidade e Responsabilidade Social |
Duília Sgrott Reis |
Ameron |
Apoio aos Aposentados e Pensionistas |
Maria Abadia de Castro Mariano Soares Lima |
Ameron |
Apoio aos Aposentados e Pensionistas |
Sônia Palmquist |
Ameron |
Representante do Polo de Ariquemes |
Deisy Cristhian Lorena de Oliveira Ferraz |
Ameron |
Representante do Polo de Guajará Mirim |
Karina Miguel Sobral |
TJRO |
Tribunal Pleno |
Marialva Henriques Daldegan Bueno |
Brasil
Instituição |
Cargo |
Juíza |
AMB (Nacional) |
Vice-Presidente Institucional |
Renata Gil de Alcântara Videira |
AMB (Nacional) |
Vice-Presidente Administrativo |
Maria Isabel da Silva |
AMB (Nacional) |
Vice-Presidente de Direitos Humanos |
Julianne Freire Marques |
AMB (Nacional) |
Secretário de Planejamento Estratégico e Previdência |
Inês Moreira da Costa |
AMB (Nacional) |
Secretário de Prerrogativas |
Euma Mendonça Tourinho |
AMB (Nacional) |
Coordenadoria da Justiça Federal |
Renata Andrade Lotufo |
AMB (Nacional) |
Conselho Fiscal |
Maria de Fátima dos Santos Gomes Muniz de Oliveira |
Asmac (Acre) |
1º Vice-Presidente |
Lílian Deise Braga Paiva |
Amepa (Pará) |
Vice-Presidente de Relações Sociais |
Raimunda do Carmo Gomes Noronha |
Asmeto (Tocantins) |
Presidente |
Julianne Freire Marques |
Amam (Mato Grosso) |
1º Vice-Presidente |
Ana Cristina Silva Mendes |
Amam (Mato Grosso) |
2º Vice-Presidente |
Clarice Galdino da Silva |
Asmego (Goiás) |
2º Vice-Presidente |
Mariúccia Benício Soares Miguel |
Amase (Sergipe) |
Vice- Presidente de Patrimônio e Finanças |
Rosa Geane Nascimento Santos |
AMPB (Paraíba) |
Presidente |
Maria Aparecida Sarmento Gadelha |
AMPB (Paraíba) |
3º Vice-Presidente |
Leila Cristiani Correia Freitas e Sousa |
AMARN (Rio Grande do Norte) |
Vice-Presidente Institucional |
Hadja Rayanne Holanda de Alencar |
AMARN (Rio Grande do Norte) |
Vice-Presidente Administrativo |
Erika de Paiva Duarte Tinoco |
AMARN (Rio Grande do Norte) |
Vice-Presidente de Comunicação |
Karyne Chagas de Mendonça Brandão |
AMARN (Rio Grande do Norte) |
Vice-Presidente de Aposentados |
Maria Soledade de Araújo Fernandes |
AMMA (Maranhão) |
1º Vice-Presidente |
Lavínia Helena Macedo Coelho |
AMAGIS (Minas Gerais) |
Vice-Presidente Administrativo |
Cristiana Martins Gualberto Ribeiro |
AMAGIS (Minas Gerais) |
Vice-Presidente de Saúde |
Luiza Divina de Paula Peixôto |
APAGAMIS (São Paulo) |
Vice-Presidente |
Vanessa Ribeiro Mateus |
AMAERJ (Rio de Janeiro) |
Presidente |
Renata Gil de Alcântara Videira |
AMAPAR (Paraná) |
1º Vice-Presidetne |
Nilce Regina Lima |
AMC (Santa Catarina) |
1º Vice-Presidente |
Jussara Schittler dos Santos Wandscheer |
Ajuris (Rio Grande do Sul) |
Vice-Presidente Adminsitrativo |
Vera Lúcia Deboni |
Ajuris (Rio Grande do Sul) |
Vice-Presidente Cultural |
Rute dos Santos Rossato |
STJ |
Ministra |
Assusete Dumont Reis Magalhães |
STJ |
Ministra |
Fátima Nancy Andrighi |
STJ |
Presidente |
Laurita Hilário Vaz |
STJ |
Ministra |
Maria Isabel Diniz Galotti Rodrigues |
STJ |
Ministra |
Maria Thereza Rocha de Assis Moura |
STJ |
Ministra |
Regina Helena Costa |
STF |
Presidente |
Carmen Lúcia |
STF |
Ministra |
Rosa Maria Weber Candiota da Rosa |
Marco Sales – Assessoria de Comunicação/Ameron
Brasil
STF retoma julgamento sobre responsabilidade de redes por conteúdos
Ministro Dias Toffoli conclui leitura de seu voto
O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quarta-feira (4) o julgamento dos processos que tratam da responsabilidade das empresas que operam as redes sociais sobre o conteúdo ilegal postado pelos usuários das plataformas.
O julgamento começou na semana passada e ainda não há placar de votação formado. Somente o ministro Dias Toffoli, relator de um dos processos, iniciou a leitura de seu voto, que deve ser finalizado na sessão de hoje. Mais dez ministros vão votar sobre a questão.
A Corte discute a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), norma que estabeleceu os direitos e deveres para o uso da internet no Brasil.
De acordo com o artigo 19, “com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir a censura”, as plataformas só podem ser responsabilizadas pelas postagens ilegais feitas por seus usuários se, após ordem judicial, não tomarem providências para retirar o conteúdo.
Na semana passada, representantes das redes sociais defenderam a manutenção da reponsabilidade somente após o descumprimento de decisão judicial, como ocorre atualmente. As redes socais sustentaram que já realizam a retirada de conteúdos ilegais de forma extrajudicial, que o eventual monitoramento prévio configuraria censura.
Por outro lado, os ministros Alexandre de Moraes e Dias Toffoli já sinalizaram que devem se manifestar a favor de balizas para obrigar as redes sociais a retirarem conteúdos ilegais de forma mais rápida.
Para Moraes, os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 demonstraram a “falência” do sistema de autorregulação das redes sociais .
Dias Toffoli afirmou que o Marco Civil da Internet deu imunidade para as plataformas digitais.
Entenda
O plenário do STF julga quatro processos que discutem a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet.
Na ação relatada pelo ministro Dias Toffoli, o tribunal julga a validade da regra que exige ordem judicial prévia para responsabilização dos provedores por atos ilícitos. O caso trata de um recurso do Facebook para derrubar decisão judicial que condenou a plataforma por danos morais pela criação de um perfil falso de um usuário.
No processo relatado pelo ministro Luiz Fux, o STF discute se uma empresa que hospeda um site na internet deve fiscalizar conteúdos ofensivos e retirá-los do ar sem intervenção judicial. O recurso foi protocolado pelo Google.
A ação relatada por Edson Fachin discute a legalidade do bloqueio do aplicativo de mensagens WhatsApp por decisões judiciais e chegou à Corte por meio de um processo movido por partidos políticos.
A quarta ação analisada trata da suspensão do funcionamento de aplicativos diante do descumprimento de decisões judiciais que determinam a quebra do sigilo em investigações criminais.
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