Agronegócio
2025 projeta recordes de produção com desafios climáticos e financeiros
Agronegócio
O agronegócio brasileiro entra em 2025 com expectativas otimistas, mas também com desafios que demandarão planejamento cuidadoso. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta uma safra recorde de grãos, estimada em 322,2 milhões de toneladas, 8,3% superior à temporada anterior.
A soja e o milho, principais culturas, devem alcançar as maiores produções da história, com destaque para o aumento de produtividade do milho, que compensará a ligeira redução de área plantada.
Contudo, o cenário climático pode trazer surpresas. Especialistas alertam para a possibilidade de um novo evento de El Niño, que poderia repetir os extremos registrados em 2024: seca na região central e chuvas excessivas no Sul. Esses fatores, combinados com o aumento das taxas de juros e a pressão por margens menores, exigem cautela dos produtores na gestão das lavouras e das finanças.
Após três anos de cotações históricas no mercado internacional, analistas preveem que os preços de commodities agrícolas devem continuar em queda em 2025. Essa tendência reflete tanto a recuperação de estoques globais quanto a desaceleração da demanda, especialmente da China, que teve um desempenho inferior ao esperado.
Acordos comerciais com a União Europeia podem abrir novas oportunidades e fortalecer a posição do Brasil como fornecedor estratégico.
No mercado interno, a renda das famílias deve manter a demanda aquecida, enquanto no cenário externo o Brasil continua se destacando. O país é visto como um dos mais competitivos no agronegócio global, em grande parte devido à robustez de sua defesa sanitária, que protegeu a avicultura brasileira dos impactos da gripe aviária em 2024.
A Conab projeta crescimento de 3,5% no PIB da agropecuária, sustentado por aumento de área plantada e recuperação da produtividade. As exportações de proteínas animais também devem crescer, com destaque para a avicultura, que pode atingir 5,2 milhões de toneladas, um recorde histórico.
Isan Rezende, presidente do Instituto do Agronegócio (IA) concorda que as perspectivas para o agronegócio brasileiro em 2025 são bastante promissoras, mas lembra que os produtores devem estar preparados, principalmente para a questão do clima. “É fundamental investir em tecnologia e em práticas que aumentem a resiliência das lavouras frente às adversidades climáticas”.
“Outro ponto que exige cuidado é o cenário financeiro. Com as taxas de juros elevadas, o crédito rural está mais caro, o que torna imprescindível uma gestão eficiente das finanças. Os produtores que se mantiverem organizados e atentos às suas margens terão mais condições de superar este período de ajustes. Além disso, é essencial que políticas públicas, como o fortalecimento do seguro rural, sejam priorizadas para oferecer uma rede de proteção em momentos de maior incerteza”, comentou o presidente.
“O agronegócio brasileiro tem mostrado sua força, com recordes de produção e competitividade internacional, mas precisamos ir além. Diversificar mercados, garantir uma produção sustentável e fortalecer nossas cadeias produtivas serão passos decisivos para manter o protagonismo global. Estamos confiantes de que, com a união entre setor privado, produtores e governo, o Brasil continuará a crescer e a consolidar sua posição como líder no mercado agrícola mundial”, completou Isan.
Embora os desafios sejam significativos, os especialistas concordam que o setor seguirá competitivo, diversificando mercados e consolidando sua posição como líder global em sustentabilidade e eficiência. O cenário exige cautela, mas também abre espaço para o otimismo com uma nova safra promissora.
Fonte: Pensar Agro
Agronegócio
Conab conclui a rodada de leilões de contratos de venda de arroz
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) concluiu na sexta-feira (20.12) a última rodada de leilões de contratos de opção de venda de arroz para a safra 2024/25. O encerramento marca o fim de uma iniciativa que buscou regular o mercado interno do cereal, ao mesmo tempo em que encerra a polêmica sobre a possível necessidade de importação para equilibrar a oferta no país. Foram negociados, nesta etapa final, 28,9 mil toneladas de arroz, em um valor total de R$ 51,1 milhões.
Desde julho, o mercado de arroz em casca no Brasil enfrentou um cenário de forte desacordo entre produtores e compradores. De um lado, os produtores optaram por priorizar exportações no porto de Rio Grande (RS), aproveitando a demanda internacional e buscando mitigar os efeitos da desvalorização do dólar. De outro, compradores, como indústrias de beneficiamento, resistiram a pagar preços mais altos, alegando dificuldades em repassar os custos ao varejo e atacado. Esse impasse travou negociações no mercado interno e trouxe incertezas para a definição dos preços do cereal.
Os leilões realizados pela Conab foram vistos como uma tentativa de aliviar essas tensões. Apesar de a expectativa inicial ser a comercialização de até 500 mil toneladas de arroz, foram negociadas ao todo 92,2 mil toneladas em 3,4 mil contratos de opção.
A operação, que contou com um orçamento de quase R$ 1 bilhão, poderá gerar um custo de R$ 163 milhões à Conab, caso todos os contratos sejam exercidos. O presidente da estatal, Edegar Pretto, avaliou o resultado como positivo, destacando que a baixa adesão indica confiança dos produtores na capacidade de absorção da safra pelo mercado doméstico, estimada em 12 milhões de toneladas.
A conclusão dos leilões também encerra uma das discussões mais sensíveis do ano: a possibilidade de importação de arroz para regular o mercado interno. Em julho, com o impasse entre oferta e demanda, a proposta de trazer arroz de outros países foi cogitada, mas enfrentou forte resistência dos produtores nacionais. Agora, com a comercialização incentivada pelos contratos de opção de venda, o cenário se ajusta, afastando o risco de medidas externas.
Os leilões também tiveram impacto regional significativo. No Rio Grande do Sul, maior estado produtor, cooperativas e agricultores de municípios como São Borja e Itaqui participaram ativamente. Já no Mato Grosso, produtores de cidades como Água Boa e Nova Monte Verde foram destaque na negociação dos contratos. Apesar de os números finais não terem atingido a meta inicial, a iniciativa da Conab trouxe alívio ao setor, consolidando-se como um mecanismo eficaz de regulação do mercado.
Com a finalização desse processo, espera-se maior estabilidade para o próximo ciclo de produção e comercialização. A estratégia da Conab reforçou a confiança do setor produtivo na capacidade de atender à demanda interna e garantiu maior segurança ao mercado, sem recorrer a medidas que poderiam comprometer a competitividade do agronegócio brasileiro.
Fonte: Pensar Agro
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