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Agronegócio

Arroz, feijão, óleo de soja, tomate: Entenda a alta dos preços dos alimentos

Agronegócio

Dólar alto e maior demanda internacional explicam aumentos. Governo e representantes do setor de soja discutem a valorização do grão

O aumento do preço dos alimentos mais consumidos pelo brasileiro vem pressionando a inflação. Produtos como feijão, óleo de soja, arroz, leite, carne e tomate são os que mais acumulam alta. No ano, até setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, acumula alta de 1,34%, e em 12 meses, de 3,14%.

Em outubro, a prévia do indicador, o IPCA-15, avançou 0,94%, a maior alta em 25 anos, passando a acumular 2,31% no ano e 3,52% em 12 meses.

A alta do óleo de soja, que em outubro atingiu 22,34%, tem sido alvo da preocupação do presidente Jair Bolsonaro. Nesta terça-feira, ele se reuniu com os ministros Tereza Cristina, da Agricultura, e Bento Albuquerque, de Minas e Energia, para tratar da próxima safra do grão, cujo preço tem batido recordes e provoca impacto na inflação dos alimentos.

Também participaram representantes do setor de soja, como Associação Brasileira de Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Amaggi Agro, Bunge e Cargill.

Entenda por que o preço dos alimentos está subindo

Óleo de soja: alta foi de 22,34% em outubro

O óleo de soja subiu 22,34% em outubro e acumula alta de 65,08% ao ano, sendo um dos produtos que mais encareceram na mesa do brasileiro. Segundo André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV), isso se deve à desvalorização do real, já que a soja é cotada em dólar.

— Assim como o milho e o trigo, a soja é uma commodity cotada em dólar no mercado internacional. Essa alta do dólar provoca um volume maior de exportação, mas encarece o custo dos derivados. Há uma forte demanda da China, que usa a soja também para ração animal. Na medida em que a soja sobe de preço, o farelo de soja fica mais caro, e isso encarece os custos da pecuária, tanto para criação de gado quanto suínos. Para o consumidor também é ruim porque desabastece o mercado doméstico. Toda a cadeia de derivados, que vai do óleo de soja à margarina, vai ficando mais cara — explica.

Feijão preto sobe 36,7% no ano

Já a alta de 36,7% do feijão no ano está relacionada à quebra da safra. Segundo Braz, o preço disparou pela menor oferta, já que houve uma redução significativa do previsto para colheita:

— As últimas safras não foram muito boas, e isso diminui a oferta do feijão, o que, por consequência provoca o aumento de preço. O feijão tem menos relação com a taxa de câmbio, porque não importamos e consumimos aqui.

Arroz: exportações ficaram mais vantajosas

Braz explica ainda que o aumento do preço do arroz é uma combinação entre a redução da área plantada pelo produtor, que induz a alta do preço, com o maior volume de exportações:

— Quando o preço dos grãos que têm muito mercado fica mais baixo, o produtor decide diminuir a área plantada para forçar o aumento de preços, dado que a demanda nacional é grande. O outro motivo é que, com a desvalorização do real frente ao dólar, nossa moeda se torna mais competitiva no mercado internacional, o que leva ao aumento das exportações. Muitos países da América Latina acabaram comprando arroz do Brasil.

Leite: exportação, entressafra e… queimadas

Além da tradicional influência da entressafra durante este período do ano, a alta da soja, que é usada para alimentar os animais, foi determinante para puxar para cima os preços do leite, explica Braz:

— O baixo volume de chuvas durante o inverno e a facilidade de proliferação de incêndios pelo mato castigado pela seca compromete as pastagens, prejudicando a alimentação do gado. Sem pasto, o produtor fornece rações que são baseadas em milho e soja, mais caras este ano por conta do dólar. O produtor pagou muito mais pela ração do que no ano passado.

Carne: demanda da China e custo maior

Ainda de acordo com o economista, a demanda internacional impulsionou a exportação da carne, o que fez encarecer o alimento no mercado brasileiro. A alta acumulada é de 11%.

— Houve uma maior demanda da China pela carne brasileira. Além disso, o custo de produção ficou maior para a pecuária por conta da alta da soja. Como o produtor usa o farelo para ração do gado e as rações para alimentá-lo subiram de preço, o mercado brasileiro fica mais desabastecido — afirma Braz.

Tomate: preço deve subir até fevereiro

Assim como o leite que sofre com o período da entressafra, o tomate tende a sofrer aumento por conta da variação climática, alta que pode ir até fevereiro:

— O desafio para oferta do tomate aumenta à medida que o verão se aproxima. O tomate sofre muito com a variação climática que existe no verão, que ora tem chuva forte e ora sol escaldante. O fruto se perde tanto que na hora de colher não se tem a quantidade habitual para abastecer o mercado. Por compor a mesa do brasileiro diariamente, o preço reage rapidamente à falta de produto.

O GLOBO

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Agronegócio

Conab conclui a rodada de leilões de contratos de venda de arroz

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A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) concluiu na sexta-feira (20.12) a última rodada de leilões de contratos de opção de venda de arroz para a safra 2024/25. O encerramento marca o fim de uma iniciativa que buscou regular o mercado interno do cereal, ao mesmo tempo em que encerra a polêmica sobre a possível necessidade de importação para equilibrar a oferta no país. Foram negociados, nesta etapa final, 28,9 mil toneladas de arroz, em um valor total de R$ 51,1 milhões.

Desde julho, o mercado de arroz em casca no Brasil enfrentou um cenário de forte desacordo entre produtores e compradores. De um lado, os produtores optaram por priorizar exportações no porto de Rio Grande (RS), aproveitando a demanda internacional e buscando mitigar os efeitos da desvalorização do dólar. De outro, compradores, como indústrias de beneficiamento, resistiram a pagar preços mais altos, alegando dificuldades em repassar os custos ao varejo e atacado. Esse impasse travou negociações no mercado interno e trouxe incertezas para a definição dos preços do cereal.

Os leilões realizados pela Conab foram vistos como uma tentativa de aliviar essas tensões. Apesar de a expectativa inicial ser a comercialização de até 500 mil toneladas de arroz, foram negociadas ao todo 92,2 mil toneladas em 3,4 mil contratos de opção.

A operação, que contou com um orçamento de quase R$ 1 bilhão, poderá gerar um custo de R$ 163 milhões à Conab, caso todos os contratos sejam exercidos. O presidente da estatal, Edegar Pretto, avaliou o resultado como positivo, destacando que a baixa adesão indica confiança dos produtores na capacidade de absorção da safra pelo mercado doméstico, estimada em 12 milhões de toneladas.

A conclusão dos leilões também encerra uma das discussões mais sensíveis do ano: a possibilidade de importação de arroz para regular o mercado interno. Em julho, com o impasse entre oferta e demanda, a proposta de trazer arroz de outros países foi cogitada, mas enfrentou forte resistência dos produtores nacionais. Agora, com a comercialização incentivada pelos contratos de opção de venda, o cenário se ajusta, afastando o risco de medidas externas.

Os leilões também tiveram impacto regional significativo. No Rio Grande do Sul, maior estado produtor, cooperativas e agricultores de municípios como São Borja e Itaqui participaram ativamente. Já no Mato Grosso, produtores de cidades como Água Boa e Nova Monte Verde foram destaque na negociação dos contratos. Apesar de os números finais não terem atingido a meta inicial, a iniciativa da Conab trouxe alívio ao setor, consolidando-se como um mecanismo eficaz de regulação do mercado.

Com a finalização desse processo, espera-se maior estabilidade para o próximo ciclo de produção e comercialização. A estratégia da Conab reforçou a confiança do setor produtivo na capacidade de atender à demanda interna e garantiu maior segurança ao mercado, sem recorrer a medidas que poderiam comprometer a competitividade do agronegócio brasileiro.

Fonte: Pensar Agro

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