Agronegócio
Leite: ATeG leva mais qualidade e profissionalismo para fazenda
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Os números sempre fizeram parte da vida de José Antônio Minarrini, mas, nos últimos anos os cálculos têm sido outros. Professor aposentado de matemática, e também com alguns anos dedicados à Engenharia Civil na capital mineira, ele substituiu a rotina da sala de aula pelo campo e, agora, as contas que faz buscam ajudar na boa gestão da fazenda em Olhos D’Água, no Norte de Minas, onde assumiu a direção. Com a ajuda do Sistema FAEMG/SENAR/INAES/Sindicatos, a propriedade, de 134 hectares, tem se destacado. Prova disso é que José Antônio recebeu, pelo terceiro ano consecutivo, a certificação “Fazenda Nota 10” da Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR), que avalia, entre outros pontos, critérios de bem-estar animal, gestão, infraestrutura e qualidade do leite.
“Eu não tinha nenhuma experiência, não chegava nem perto da cerca do curral com receio do gado, mas comecei a me inteirar. A propriedade era da família da minha esposa, seria vendida, mas tinha muita coisa para colocar em dia e regularizar. Nesse processo, fui entendendo mais sobre a atividade, passei a ler bastante e aumentar minhas visitas, até que me mudei de vez”, lembrou o produtor rural. Hoje, são mais de 25 vacas em lactação, gerando uma média de 360 litros de leite por dia, o que só foi possível após muito empenho para reestruturar a metodologia de trabalho na propriedade. “Primeiro eu visitei a fazenda junto a um técnico para conhecer os procedimentos adotados. Vi que precisava de algo maior e busquei informações. Foi quando encontrei o Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) e mudei os métodos de trabalho”.
Com auxílio do técnico de campo do ATeG Balde Cheio, no ciclo que se encerrou em 2021, várias mudanças foram implantadas ao longo dos últimos anos. “Começando com a organização do gado, que não tinha antes. Todos agora têm registro e utilizo aplicativos para acompanhar os animas. Implantei o pastejo rotacionado, com cerca de um hectare irrigado. Mudei o manejo, acrescentando estrutura de bebedouros. Também mudei o sistema da ordenha, que era lavada uma vez por semana e, agora, duas vezes ao dia para manter o leite em uma qualidade boa. Também modifiquei a ração oferecida aos animais, entre outros”.
O supervisor do ATeG Balde Cheio na região, Lucas Leocádio, acompanhou esse processo de perto. Para ele, a terceira certificação do Fazenda Nota 10 ratifica o trabalho do Sistema FAEMG junto aos esforços do produtor rural. “Esta certificação de boas práticas tem os pilares do bem-estar animal, gestão econômica, higiene nas práticas de ordenha, saúde do animal e cuidados com o meio ambiente. Na propriedade do José Antônio, algumas destas tarefas já eram executadas, mas não existia procedimento operacional montado. Introduzimos isso na propriedade, dando um aspecto ainda mais empresarial. Muito se discute sobre a importância de enxergar a fazenda como empresa, mas nem sempre é colocado na prática. Neste caso, conseguimos. Quando se consegue resultado como este, quando ganha um reconhecimento, você vê a satisfação de todos os envolvidos no processo”.
Novas dinâmicas
Tudo o que é feito na propriedade é anotado. Mais um legado deixado pela assistência técnica que o professor faz questão de manter como ordem no dia a dia. Essa dinâmica garantiu, por exemplo, um maior controle da alimentação em uma região com chuvas inconstantes. Segundo o produtor rural, a alimentação para o período da seca deste ano já está preparada desde o fim de 2021. Com a adesão de silos, José Antônio acompanha a média de produção para a quantidade de gado e também inclui a previsão de novos animais que podem chegar na área de trato.
“Se tiver que fazer algo, tem que ser bem-feito. Vi que alguns produtores que seguem até hoje o mesmo conceito de trabalho dos pais de 30 anos atrás não aceitam mudanças e não evoluem. Para mim, é necessidade ter tudo planejado ao máximo. Toda vez que recebo a certificação de qualidade, tenho muito orgulho. Coloquei alguns objetivos lá atrás e tenho certeza que irei alcançá-los. Os propósitos são combustíveis para seguir com vitalidade. E isso é graças à intervenção e orientação técnica em campo”.
Agronegócio
Conab conclui a rodada de leilões de contratos de venda de arroz
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) concluiu na sexta-feira (20.12) a última rodada de leilões de contratos de opção de venda de arroz para a safra 2024/25. O encerramento marca o fim de uma iniciativa que buscou regular o mercado interno do cereal, ao mesmo tempo em que encerra a polêmica sobre a possível necessidade de importação para equilibrar a oferta no país. Foram negociados, nesta etapa final, 28,9 mil toneladas de arroz, em um valor total de R$ 51,1 milhões.
Desde julho, o mercado de arroz em casca no Brasil enfrentou um cenário de forte desacordo entre produtores e compradores. De um lado, os produtores optaram por priorizar exportações no porto de Rio Grande (RS), aproveitando a demanda internacional e buscando mitigar os efeitos da desvalorização do dólar. De outro, compradores, como indústrias de beneficiamento, resistiram a pagar preços mais altos, alegando dificuldades em repassar os custos ao varejo e atacado. Esse impasse travou negociações no mercado interno e trouxe incertezas para a definição dos preços do cereal.
Os leilões realizados pela Conab foram vistos como uma tentativa de aliviar essas tensões. Apesar de a expectativa inicial ser a comercialização de até 500 mil toneladas de arroz, foram negociadas ao todo 92,2 mil toneladas em 3,4 mil contratos de opção.
A operação, que contou com um orçamento de quase R$ 1 bilhão, poderá gerar um custo de R$ 163 milhões à Conab, caso todos os contratos sejam exercidos. O presidente da estatal, Edegar Pretto, avaliou o resultado como positivo, destacando que a baixa adesão indica confiança dos produtores na capacidade de absorção da safra pelo mercado doméstico, estimada em 12 milhões de toneladas.
A conclusão dos leilões também encerra uma das discussões mais sensíveis do ano: a possibilidade de importação de arroz para regular o mercado interno. Em julho, com o impasse entre oferta e demanda, a proposta de trazer arroz de outros países foi cogitada, mas enfrentou forte resistência dos produtores nacionais. Agora, com a comercialização incentivada pelos contratos de opção de venda, o cenário se ajusta, afastando o risco de medidas externas.
Os leilões também tiveram impacto regional significativo. No Rio Grande do Sul, maior estado produtor, cooperativas e agricultores de municípios como São Borja e Itaqui participaram ativamente. Já no Mato Grosso, produtores de cidades como Água Boa e Nova Monte Verde foram destaque na negociação dos contratos. Apesar de os números finais não terem atingido a meta inicial, a iniciativa da Conab trouxe alívio ao setor, consolidando-se como um mecanismo eficaz de regulação do mercado.
Com a finalização desse processo, espera-se maior estabilidade para o próximo ciclo de produção e comercialização. A estratégia da Conab reforçou a confiança do setor produtivo na capacidade de atender à demanda interna e garantiu maior segurança ao mercado, sem recorrer a medidas que poderiam comprometer a competitividade do agronegócio brasileiro.
Fonte: Pensar Agro
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